Paseo de Gracia

domingo, janeiro 30, 2005

A sala de estar

A casa das avós ainda costuma ter uma salinha de estar, pelo menos a da minha avó materna tem. Mas... e as nossas casas? Este espaço próprio para a leitura, tocar piano ou receber as visitas com uma musiquinha vai deixando de existir e duvido que se construam casas ou andares que contemplem esta divisão, já esquecida... Não sou copiona, mas gostei tanto de um artigo sobre salas de estar, despensas, caves e sótãos e demais divisões esquecidas (pela nossa sociedade de especulação do metro quadrado de tectos baixos) que traduzirei, de forma amadora, uns trechos. Veio publicado na Marie Claire de Fevereiro, o autor é Juan José Millás:

"A sala de estar foi sustituída pela sala ou salão, à qual deveríamos chamar "sala de ser";
"Ao aumentar o preço do metro quadradro, compreendemos que o que era bom para as visitas teria de ser bom para o anfitrião, de modo que a sala de estar se viu convertida num quarto de dormir normal, e a sala um sítio onde 'estar' significa deixar cair o corpo num sofá...";
"Há poucas crianças que têm medo, hoje em dia, de ficar sozinhos em casa porque as casas carecem de espaços para o mistério, como o sótão ou a cave".

Putos mal-educados

Fico revoltada com o comportamento de algumas crianças reguilas, na sua maioria espanholas (de momento é o que posso observar). Tratam os pais de uma forma arrogante e sem resposta. Mais, insultam-nos, ameaçam-nos, humilham-nos, fazem chantagem, desobedecem com satisfação e sem medo. Há alguma coisa errada porque os filhos dos emigrantes, árabes, russos ou chineses, são silenciosos e educados, o contraste é enorme! No passeio vão duas miúdas espanholas, esqueléticas, de 15 anitos e não se desviam nem para dar passagem à velhotinha torta, nem a mim (que quase fui empurrada do passeio hoje). Olham-nos com um ar desafiador como quem diz: "afasta-te tu que senão chamo o meu pai, eu é que sou a dona da rua". Este cenário repete-se. Pais espanhóis, por favor façam alguma coisa.

Mais trabalho, menos dinheiro

O meu contrato mudou para indefinido, de temporário a indefinido. Parece bom, verdade? Desenganem-se. Ganho menos, vamos mudar-nos para longe (e não há cá vestígio de subsídio de deslocação) e trabalho mais, além de ter de aguentar a inflação de 2005 sem nenhum tipo de "respaldo" por parte da entidade patronal. Porque me baixaram o ordenado? Simples, porque as retenções para a segurança social aumentaram com a mudança de tipo de contrato. Ou seja, eles pagam o mesmo, mas cai-me menos salário líquido na conta. Estou abismada com a injustiça que isto representa. Nem sequer faço a declaração do irs em Espanha porque não ganho o suficiente, segundo as finanças daqui. Quero sair desta terra o quanto antes. Só é boa para os Erasmus...

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Frio polar

Não temo, o meu bairro tem os edifícios muito juntinhos e a minha casa é pequenina, estarei bem. Hoje nevou uma "mica" em Barcelona, durante 5 minutos. Vem aí mais com certeza.
Sexta dormi umas 15 horas, o meu corpo pedia muito descanso, tinha todos os sintomas da gripe mas nenhuma febre. Segundo o "El Periódico" andam no ar uns vírus coloridos de gripe, de 5 espécies diferentes. Devo ter apanhado um pelo ar condicionado.

Hoje foi um dia cansativo mas engraçado. Comecei com elogios no chat (vou deixar de pôr a foto) e acabei com uma aula sobre branding. Os meus planos de casório já se mexem e gastam-se neuronas joaninas a cem à hora e este facto dá mais alegria aos meus dias. Quando aparece um cliente chato penso em mim a cortar o bolo de noivos e já me sinto melhor. Tenho um noivo lindo! Estou feliz.

Este fim de semana foi de descanso e arrumação. É incrível as revistas que acumulo. Deitei fora umas 50, a minha mãe ia ficar orgulhosa. Custa-me ver tantas letrinhas por ler, mas é assim, há que abrir espaço para mais investimentos de ócio. É mais saudável e barato que fumar, mas não deixa de ser um vício.

Nota: a grande notícia familiar é que a minha prima mais velha vai ter um bébé. :-)
Nota 2: estou a pensar organizar um convívio da portuguesada cá em Barna. Vamos ver no que dá.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Farenheit

Viram o Farenheit 9/11? É mesmo tudo verdade? Se sim, como é que pode ser? Como? E como pode haver pessoas que afirmem que a publicidade que fez contra o Bush afinal foi a favor? Não entendo nada. Ajudem-me!!
Primeira aula de mestrado do ano 2005. Quem é o "ponente"? O director da ESERP e o director da business school de Barcelona. Que fazem além de se engraxarem um ao outro? Dão uma aula intitulada "ganhe as próximas eleições". Foram-nos reveladas coisas fantásticas como, por exemplo, que o director-supremo da nossa universidade, considerado um dos tops das relações públicas europeias, foi estagiário na casa branca, no tempo do Bush pai. Depois de muitas conjecturas sobre marketing político, alguém teve a coragem de perguntar (o meu colega Luca) o que achava da polémica das eleições de 2000. Disse, num tom de gozo:
"Bem... eu só tenho a certeza de duas coisas: uma, que a família Bush é quase o clã com mais poder dos EUA e fora deles; outra, que o irmão do Bush (filho) sempre me pareceu disposto a favorecer a família, custasse o que custasse". Tipo Maquiavel, se os fins se justificam... não? Para quem não se está a lembrar, o irmão do Bush (filho) era governador da Flórida, estado que deu a vitória ao Bush.
Ainda estou alucinada com o filme do Michael Moore: o que mais me espantou foi o facto de terem retirado do país toda a família do Bin Laden (com a qual os Bush tinham negócios milionários) três dias depois, num avião particular...

Porque é que ninguém me ofereceu no Natal o cd da Turandot e o dvd de tai-chi?

Sabiam que...

Os recém nascidos no Bali não podem tocar chão/terra/solo até aos 3 meses de existência? São considerados filhos de deuses, quase intocáveis.

A Eva foi a segunda mulher do Adão? A primeira chamava-se Lilith e foi expulsa, não só do paraíso como também da versão oficial.

Bom fim de semana, escrevam!

"Si llevas una sonrisa en la cara te acabará sonriendo el corazón."

States

O Miguel já tem a candidatura em 4 clínicas-top lá dos States, só falta mesmo o cursinho...

Cabelo-à-frente-da-cara

'Tá na altura de dar um corte radical. Amanhã é dia de ter coragem, finalmente, para dizer ao cabeleireiro que "faça o que quiser, menos rapar e pintar de verde...".

Chefia

O que fazes quando o teu chefe é injusto contigo?

Opção 1: insultas baixinho
Opção 2: engoles
Opção 3: choras baba e ranho em casa e achas-te infeliz
Opção 4: reclamas e resistes, embora não adiante muito
Opção 5: insultas alto
Opção 6: despedes-te

Ok, eu só não escolhi a opção 5 e 6. Porque realmemte preciso de ter algum coisa (pelo menos enquanto não tenho outra). E porque me sinto superior a todas as estatísticas de emails enviados e essas coisas em números que fazem parte do dia-a-dia, e porque por mais que me digam os meus companheiros, raça estranha de indivíduos que só se queixam quando têm queixinhas (e não se quiexam do mais importante) ou estão menos de 28 graus no escritório (eu a assar), que sou uma "emocional", "sentimental", "que me deixo levar pelos impulsos" e que "me tenho de controlar, porque, claro, é para o meu bem..." (desconfio muito da entidade patronal que me diga semelhante cliché) ......... eu não estou disposta a deixar de ser o que sou pois, por mais que tentasse, não conseguia, e sentia-me mal, que me cheira que aos 13 tive a doença que tive por engolir muita coisa assim que, revolto-me, assino a minha revolta, embora também assine o contrato, mas pelo menos tenho a palavra e as pessoas que me compreendem (toda a gente menos a entidade patronal) e que me dizem que não, não estou louca, eles é que são assim.
Confesso que não acredito, não quero, chamem-me inocente, mas não quero acreditar que todos os chefes sãos maus e injustos. Espero encontrar um que seja justo, que reconheça o meu potencial, mais parecido comigo. Senão, serei chefe de mim mesma, amén.




quinta-feira, janeiro 06, 2005

Reis

Ontem fui assistir à cavalgada. O que é isso? Bem, um desfile comemorativo do dia de reis, onde se recolhem cartas aos reis magos e distribui-se caramelos às "mãozadas". Fui com um grupo de 4 psicólogos em princípio de carreira (um trabalha comigo na empresa), desiludidos com o mercado laboral, empenhados mas sem muita coragem em alugar um apartamento para começar um negócio... Acho que é isto que falta nos jovens de hoje, matam-se a trabalhar para pagar os estudos (os que o fazem) e depois falta-lhes coragem para dar o passo seguinte. Sentem-se a entrar por sítios escuros, sem muita certeza do que vão fazer, sem espírito de arriscar. E depois as ideias transformam-se em sonhos. Só vemos sonho ou dificuldade, os dois lados da moeda. Ó vós que mandam, dêm aos jovens mais apoio, estamos a ficar frouxos e sem vontades... help. Ajudem-nos a justificar que fiquemos cansados logo aos 25.

Feliz dia de reis. Amanhã sim começa a minha dieta (hoje ainda sobra por aqui um sortido cuétara).

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Feliz 2005, feliz "e venha + um"!!
Que eu me case este ano, porque isso significa duas coisas: lua de mel (descanso- e eu que desejava que fosse na Tailândia...) e que o Mi acabou o interminável curso.

Felicidades para todos!!

Lotaria ao contrário

Início do ano, 2% aumento em todas aquelas porcarias que todos gastamos: bilhete do metro, selos do correio, impostos de circulação... uf, já custa mais caro este 2005, vou tentar pensar em coisas alegres- isso sim, tudo menos ligar a televisão.
Primeiro dia do ano: depois da minha subtil passagem (aos soluços, como sempre, não sei porque sempre choro à fatídica última badalada), jantar no chinês (único restaurante aberto e barato) e noite zen, com velas e incenso e queimada de folhas de papel com coisas más, que não queremos que se repitam... eis-me cansada, à espera do magnifico dia de reis (só por causa de ser feriado), tendo, em cada noite de sono, pelo menos 3 despertares com a tragédia do Índico. Sou assim, sensível, aquando do atentado das torres gémeas passei duas semanas com pesadelos. Dia 1 decidimos ir à missa. Para me sentir melhor, para nos sentirmos melhor; fomos à igreja "Catedral del poble" de Santa Maria del Mar, a minha igreja favorita de Barcelona. Cheia de aquecedores eléctricos, poucos estranjeiros, órgão magistral, cantora fininha, sossegados. Foi aconchegante. O padre parecia acertar nos nossos pensamentos: "a tragédia do Índico foi como uma lotaria ao contrário: calhou-lhes a eles e não a nós... que sorte!".