A sala de estar
A casa das avós ainda costuma ter uma salinha de estar, pelo menos a da minha avó materna tem. Mas... e as nossas casas? Este espaço próprio para a leitura, tocar piano ou receber as visitas com uma musiquinha vai deixando de existir e duvido que se construam casas ou andares que contemplem esta divisão, já esquecida... Não sou copiona, mas gostei tanto de um artigo sobre salas de estar, despensas, caves e sótãos e demais divisões esquecidas (pela nossa sociedade de especulação do metro quadrado de tectos baixos) que traduzirei, de forma amadora, uns trechos. Veio publicado na Marie Claire de Fevereiro, o autor é Juan José Millás:
"A sala de estar foi sustituída pela sala ou salão, à qual deveríamos chamar "sala de ser";
"Ao aumentar o preço do metro quadradro, compreendemos que o que era bom para as visitas teria de ser bom para o anfitrião, de modo que a sala de estar se viu convertida num quarto de dormir normal, e a sala um sítio onde 'estar' significa deixar cair o corpo num sofá...";
"Há poucas crianças que têm medo, hoje em dia, de ficar sozinhos em casa porque as casas carecem de espaços para o mistério, como o sótão ou a cave".
Putos mal-educados
Fico revoltada com o comportamento de algumas crianças reguilas, na sua maioria espanholas (de momento é o que posso observar). Tratam os pais de uma forma arrogante e sem resposta. Mais, insultam-nos, ameaçam-nos, humilham-nos, fazem chantagem, desobedecem com satisfação e sem medo. Há alguma coisa errada porque os filhos dos emigrantes, árabes, russos ou chineses, são silenciosos e educados, o contraste é enorme! No passeio vão duas miúdas espanholas, esqueléticas, de 15 anitos e não se desviam nem para dar passagem à velhotinha torta, nem a mim (que quase fui empurrada do passeio hoje). Olham-nos com um ar desafiador como quem diz: "afasta-te tu que senão chamo o meu pai, eu é que sou a dona da rua". Este cenário repete-se. Pais espanhóis, por favor façam alguma coisa.
Mais trabalho, menos dinheiro
O meu contrato mudou para indefinido, de temporário a indefinido. Parece bom, verdade? Desenganem-se. Ganho menos, vamos mudar-nos para longe (e não há cá vestígio de subsídio de deslocação) e trabalho mais, além de ter de aguentar a inflação de 2005 sem nenhum tipo de "respaldo" por parte da entidade patronal. Porque me baixaram o ordenado? Simples, porque as retenções para a segurança social aumentaram com a mudança de tipo de contrato. Ou seja, eles pagam o mesmo, mas cai-me menos salário líquido na conta. Estou abismada com a injustiça que isto representa. Nem sequer faço a declaração do irs em Espanha porque não ganho o suficiente, segundo as finanças daqui. Quero sair desta terra o quanto antes. Só é boa para os Erasmus...
A casa das avós ainda costuma ter uma salinha de estar, pelo menos a da minha avó materna tem. Mas... e as nossas casas? Este espaço próprio para a leitura, tocar piano ou receber as visitas com uma musiquinha vai deixando de existir e duvido que se construam casas ou andares que contemplem esta divisão, já esquecida... Não sou copiona, mas gostei tanto de um artigo sobre salas de estar, despensas, caves e sótãos e demais divisões esquecidas (pela nossa sociedade de especulação do metro quadrado de tectos baixos) que traduzirei, de forma amadora, uns trechos. Veio publicado na Marie Claire de Fevereiro, o autor é Juan José Millás:
"A sala de estar foi sustituída pela sala ou salão, à qual deveríamos chamar "sala de ser";
"Ao aumentar o preço do metro quadradro, compreendemos que o que era bom para as visitas teria de ser bom para o anfitrião, de modo que a sala de estar se viu convertida num quarto de dormir normal, e a sala um sítio onde 'estar' significa deixar cair o corpo num sofá...";
"Há poucas crianças que têm medo, hoje em dia, de ficar sozinhos em casa porque as casas carecem de espaços para o mistério, como o sótão ou a cave".
Putos mal-educados
Fico revoltada com o comportamento de algumas crianças reguilas, na sua maioria espanholas (de momento é o que posso observar). Tratam os pais de uma forma arrogante e sem resposta. Mais, insultam-nos, ameaçam-nos, humilham-nos, fazem chantagem, desobedecem com satisfação e sem medo. Há alguma coisa errada porque os filhos dos emigrantes, árabes, russos ou chineses, são silenciosos e educados, o contraste é enorme! No passeio vão duas miúdas espanholas, esqueléticas, de 15 anitos e não se desviam nem para dar passagem à velhotinha torta, nem a mim (que quase fui empurrada do passeio hoje). Olham-nos com um ar desafiador como quem diz: "afasta-te tu que senão chamo o meu pai, eu é que sou a dona da rua". Este cenário repete-se. Pais espanhóis, por favor façam alguma coisa.
Mais trabalho, menos dinheiro
O meu contrato mudou para indefinido, de temporário a indefinido. Parece bom, verdade? Desenganem-se. Ganho menos, vamos mudar-nos para longe (e não há cá vestígio de subsídio de deslocação) e trabalho mais, além de ter de aguentar a inflação de 2005 sem nenhum tipo de "respaldo" por parte da entidade patronal. Porque me baixaram o ordenado? Simples, porque as retenções para a segurança social aumentaram com a mudança de tipo de contrato. Ou seja, eles pagam o mesmo, mas cai-me menos salário líquido na conta. Estou abismada com a injustiça que isto representa. Nem sequer faço a declaração do irs em Espanha porque não ganho o suficiente, segundo as finanças daqui. Quero sair desta terra o quanto antes. Só é boa para os Erasmus...