Paseo de Gracia

domingo, setembro 05, 2004

Atenção ao cliente

Supostamente há que dar atenção ao cliente porque o cliente é quem te paga. Supostamente. Mas aqui os de Barcelona são brutos, não há outra palavra para descrever os conterrâneos que trabalham em atenção ao... chato que te pergunta de tudo e te incomoda a meio do teu trabalho de vendedor.
Já várias vezes me tinha acontecido, mas desta vez explodi. Estou eu a acabar de pagar a minha compra ou a perguntar pormenores daquela peça ou daquele calçado e... eis senão quando alguém metido se... mete na tua vez e, como já está decidido a levar os sapatos, leva-te a rapariga e ficas na seca a tentar descortinar o porquê dos clientes serem mal educados mas, ainda pior, dos empregados aceitarem a má educação e deixarem os que reflectem pendurados... Pois é, aconteceu-me num quiosque. Comprava um postal e uma revista. Estava a pegar no porta moedas e por acaso vi uma colecção de aviõezinhos militares que o meu pai adoraria, toca a perguntar sobre ela e fascículos mas, ai, uma gaja mete-se e compra o jornal. Espero... Logo, entrego as moedas da minha despesa, preparo-me para falar mas, raios, outra metida pergunta alguma estupidez, não resisti, virei-me e disse: "Pf, já é a segunda vez que me interrompem, só um bocadinho de paciência e já lhe dou a vez, ok?". Pufff, caldo entornado, a mulher passa-se e a amiga apoia, que não queria interromper, que pensava que eu já estava despachada, falava alto como 90% dos espanhóis. O homem do quiosque interfere por mim, estou safa... Tem razão menina, diz, "sorry". E eles a darem-lhe... Falo espanhol, dahhh!!! Ou será que não prestou atenção ao meu discurso?
Ontem, ainda pior. Primeiro, má experiência no MacDonald's, mulher bruta, seca, "just a moment please", nem olhava para nós, nem um sorrisinho, toma o hamburguer e pira-te, e as batatas moles e é se queres! Segunda má experiência, Carrefour, claro. Povo até dizer chega. Fomos comprar (ou tentar comprar) um colchão. Um colchão até é uma coisa cara, implica esforço financeiro e essas coisas, mas a vendedora não sabe, pensa que está a vender tomates. Haviam alguns modelos expostos em sommiers, e outros pendurados numa espécie de mostruário. Como não podíamos experimentar a dureza dos colchões que estavam no mostruário num sommier (disseram-nos não ser possível tal coisa) pusemo-nos a carregar com a mão nos ditos, para poder sentir alguma coisa mas... "Cuidado señor que los colchones caen, no les toque por favor!!..." Mas num tom muito histérico, como se estivéssemos a fazer uma asneira e fôssemos meninos pequeninos. 2 casais já tinham passado à nossa frente quando a mulher se dignou a vir-nos atender. Nem temos mau aspecto, pois não? Toda mal disposta. Aconselhou-nos um unico modelo (mole), e insistiu que era mais firme do que o que tínhamos sugerido (que por acaso estava indicado na ficha descritiva que tinha um nível a mais de firmeza, mas vão vocês tentar convencer a mulher!). E depois insistia que a pikolin fazia mal os colchões, mas quando eu lhe pedi para explicar melhor, não soube dizer. Vivam as comissões. Acabámos por comprar o colchão noutro carrefour, a uma rapariguinha simpática, estrangeira como nós. É triste quando nos sentimos etiquetados. Por alguma razão todos os nossos amigos daqui são... estrangeiros.

Uma cerveja não faz o hábito

É verdade, ontem bebi pela primeira vez uma cerveja inteira, uma coronita. Não me soube bem, mas dizem que no princípio nunca sabe por isso, e em prol da convivência social (estou farta da coca cola e da tónica), aqui vai disto. Considerem-me aprendiz gustativa de cerveja.
De resto tudo bem, o trabalho é a mesma seca (mas calma) de sempre. Já me inscrevi no mestrado. Lá o director da "business school" me mostrou a "biblioteca" que oferecem a todos os estudantes de mestrado e... não cabe em minha casa, é cada dicionário! Estou ansiosa por voltar a fazer apontamentos, a ter cadernos! Nunca esperei voltar à escola, mas estou super-contente. Boa semana.