Paseo de Gracia

segunda-feira, março 29, 2004

Está uma tempestade por aqui!
As palmeiras dobram todas e tocam no mar.
A areia foge e magoa as pernas, porque estou com meias curtinhas e calças baínha-balão.
Levámos os nossos “kispos” mais quentes, parecemos dois chouriços, eu e o Miguel.
Chegámos ao café e uma miúda de uns 10 anos não pára de olhar para nós. Primeiro penso que estará apaixonada pelo Miguel (tá cada vez mais giro!), mas depois, pela sua cara confusa, acredito mais que está a tentar descobrir que língua falamos.
Os torrões já deram lugar aos gelados, mas está um frio de rachar.
Estou muito pensativa ultimamente, aconteceu uma coisa muito chata comigo, descobri, aliás, confirmei, que a minha futura cunhada (sim, aquela moça bonita dos olhos azuis que está com um grave problema de retinopatia diabética (viram-na na tvi?) me detesta. Pior, detesta-me e não me dá, e admite que nunca me deu nem tem intenção de dar no futuro, hipóteses. Pior, não acredita no meu amor pelo Miguel. Só posso ter pena dela. Serão ciúmes, loucura, inveja? Não sei, só sei que sempre a ajudei, embora ela fosse bruta comigo e fingisse que eu não existia, e sempre tentei ser sua amiga ao longo destes 2 anos de namoro com o Miguel.
Importante: tem 30 anos.
Fiquei magoada, dei-lhe o meu coração e a minha amizade e ela cuspiu em cima. Ok, não é obrigada a gostar de mim, mas ao menos podia ser menos mal agradecida, cordial, pelo irmão. Nem isso.
Tento não lhe dar importância, mas já sabem como sou. Vocês acham que eu sou egoísta? A sério, digam-me a verdade! Acham que sou imatura? Tenho 23 anos e acho que demonstro ter a idade que tenho, com um curso feito, quase casada, com uma casa para cuidar e longe da família, emigrante... Por favor, preciso das vossas palavras amigas, acho que estou a ficar um pouco louca, nunca me tinha visto numa situação tão desagradável.
Beijocas pa tuti!

quarta-feira, março 24, 2004

Olá gentes!
Depois de um interregno em Portugal, cá estou de novo de rabo mole em frente a uma máquina, o metro passa e abana o prédio, o de sempre.
O meu pai lá fez o cataterismo(é assim que se escreve?), o médico disse que em princípio está curado das taquicardias. Foi queimado por dentro, salve seja, fecharam-lhe a artéria que estava a trabalhar mal.
Quanto ao casório, e já que muita gente me tem perguntado... lá este ano vai ser, agora quando é que já não sei! Surpresa!
Está um frio de rachar aqui! Mal chego a Barcelona fico logo a chorar, mas não é de saudades de Portugal (também), é da poluição! Ando sempre com soro na carteira.
Ainda não sei pôr comentários!!! Está para breve.
Beijocas da Joana.

quarta-feira, março 17, 2004

Estoy llegando!
Longa viagem me espera. 5:15 avião para Valladolid, duas horas de espera, mais uma hora de avião até vigo e depois... nos braços da mãe!
Dia seguinte de madrugada: pra Lisboa. O meu pai está lá, é dia do pai, lá vou eu. Sábado: Braga pela tarde, que o meu namorado também vem. Domingo deverá ser o único dia "mais ou menos livre"... Segunda ao fim da tarde estou outra vez de partida...
De qualquer forma, fica o aviso: podem ligar-me para o meu optimus "de toda la vida", ok? Ou encher a minha agenda de Domingo! Ou vir fazer-me uma visitinha a Barcelona antes que tenha de sair daquela casa à beira mar plantada!
Tou cheia de saudades do meu Portugal! Bolinhos de bacalhau! Água do Luso! Água das pedras! Francesinhas!... Ouvi dizer que as sondagens andavam do lado do Durão, que tinha mais simpatizantes... a sério?
Estou a tentar acrescentar a opção "comentários" ao blog, aguardem notícias.
Jocas pa todos!
(nota: estou com 38 de febre a trabalhar, quer dizer, a fazer um intervalo blog. É mesmo normal as mulheres terem até 3 infecções urinárias por ano?)

domingo, março 14, 2004

Sinto medo.
Subo para o comboio e, como sempre, muitos marroquinos, indianos, tunisinos, etc., a falar alto, com os olhos esbugalhados. Sinto-me mal por me sentir mal, desconfortável à beira deles. Respiro fundo. Depois olho para eles. Cada um leva uma mochila. Nunca tinha reparado nisto, mas vão dezenas de pessoas de raça árabe no mesmo comboio que eu. Às 7 e 50 da manhã, em comboios de "cercanias", iguaizinhos à queles que explodiram.
Vivo num clima de medo, chocada. Quero, mais do que nunca, voltar para o meu país.
Dá-me nojo pensar que neste mundo onde vivo e onde vão viver os meus filhos possa haver esta linha tão minúscula entre o bem e o mal, entre a morte e a vida, entre a normalidade e a violência sem medida.
Medo, raiva e insegurança - é isto que espelha o olhar dos que cá vivem.
Estive na manifestação de sexta, no meio de 1 milhão e meio de pessoas de 28 nacionalidades diferentes. Muito emocionante. Mas mais emocionante foram os 15 minutos de paragem e silêncio total. Barcelona parada. Nem as gaivotas piavam. E um aplauso multitudinário.
Porquê? Queria conhecer um desses terroristas e perguntar-lhe porquê. Ele reage por impulso, é desprovido de razão, e talvez, se eu lhe explicasse tudo com a minha sensibilidade típica, ele sentiria vergonha pelo que fez. E isso era a maior vitória, que um assassino como ele se envergonhasse e não tivesse vontade de repetir. Que um homem como esse desse valor à vida dele e dos outros. Falam de vingança. Dizem: "se vocês podem ir à nossa terra matar as nossas mulheres e os nossos filhos, porque não podemos ir à vossa e fazer o mesmo?". Dizem coisas ainda mais arrepiantes: "vocês querem a vida, nós queremos a morte!". Porque não fizeram um atentado ao Aznar e ficavam por aí? Porque têm sede de mortes inocentes? O Aznar não deseja matar inocentes, infelizmente acontece porque tem a mania de se meter onde o povo não o quer. Mas não vai lá de propósito pôr bombas em infantários!
Acho que estes homens assassinos ficam sem saber distinguir, o ódio cega. Como o amor, o amor também cega.
Hoje são as eleições. Vamos lá ver se isto abalou o PP. Ou se as 7.000 pessoas que gritavam ontem, às 2 da manhã, "asesinos" (um pouco forte, não?) em frente à sede do PP em Madrid são as mesmas do "no a la guerra" e do "nunca mais", e se, mesmo juntas e de volumes elevados, nao conseguem derrubar o governo do bigode.
Tenho medo. Preciso de muitos abraços.
Vou continuar a apanhar o comboio com medo.
Basta ya!

quarta-feira, março 10, 2004

Sabem o que é um "appraisel"?
Tive ontem um encontro imediato com este tipo de actividade muito popular nas empresas norte-americanas. É um tipo de reunião com a direcção (mas sem o chefe que lida de uma forma mais directa estar presente), com o objectivo de clarificar e descobrir origens de problemas de relacionamento no escritório. Pois... A minha foi num café, e com o chefe directo lá a tomar um copo. Ao lado, uma coleguinha da sede de Londres.
A razão desta xaxada (é assim que se escreve xaxada?) é o carácter nervosinho do homem. Pressiona, humilha, perde a calma...
Enfim, já não somos crianças e claro, por supuesto, não queremos um gajo atrás de nós a ralhar por aquilo e pelo outro.
O problema, vistas as coisas, é que ele não sabe ser chefe. E que nós não tivémos a formação que devíamos ter tido, o que nos leva a cometer erros (por insegurança) o que o leva ao desespero.
Sabem se há cursos para aprender a ser patrão?
E cursos para lidar com a fúria do patrão?
Se ele me falasse em português era muito melhor. Mas desata-me a disparar "ostias"!
Sugestões?

terça-feira, março 09, 2004

Oi! Tenho uma rádio também, além do blog. Chama-se "barceloca", tem mais ou menos 1150 músicas (todas minhas favoritas) e está no site da iol cotonete.iol.pt, que por sinal é fantástico, recomendo. Ouço-a no empreguito, todo o dia. Ás vezes, quando as saudades apertam, ouço "o homem que mordeu o cão", na best rock (também há essa opção). Quando me sinto mais pop, ouço a "cidade fm", quando estou nervosa ouço o canal "chillout", e assim por diante. A propósito, a rádio é pública, podem ouvir a minha selecção pessoal! E é mesmo muito pessoal! Jocas.

domingo, março 07, 2004

Só vos queria prevenir de uma coisa... Qualquer erro ortográfico e/ou palavras/expressões típicas de nuestros hermanos é normal. Acontece mesmo a aculturação, aquilo que criticamos nos emigrantes franceses, que falam em francês quando vêm cá e insultam em português. Eu vou tentar. Mas estou aqui há dois anos. Acreditem que é difí­cil. Por favor se o erro for muito grave, não hesitem em corrigir-me! Gracias.

Já tá? Foi rápido. Olhem, eu não percebo nada disto, só queria arranjar uma forma de partilhar o meu dia-a-dia com amigos e familiares porque estou longe e...
Pronto, fora as pieguices, benvindos. Este é o meu blog, o blog Joana. A minha criatividade está bastante afectada pelo espanhol e agora, a maior parte das vezes, só consigo ser criativa em castelhano. Daí­ a simplicidade do nome do blog, Joana. Nada preocupante, nada que uma ensaboadela de autocarros stcp cheios e irmãos mais novos não cure.
Para quem não sabe, estou imigrada em Barcelona, essa cidade com casinhas de chocolate espalhadas no meio dos arranha-céus, construídas pelo Gaudí­, esse arquitecto que morreu atropelado por um eléctrico.
Porque estou aqui? Por amor. Acontece. Estar assim longe é uma experiência cheia de contrastes, de gosto/não gosto/quero voltar já!/estupores de espanhóis/nabos dos portugueses, entre outras variantes. Mas estou bem. Tenho a minha casa temporária bem redecorada (re-organizei a decoração do senhorio), um abono mensual de comboio, o fim de semana para ir ao cinema (também há cinemas em versão original, don't worry) e um trabalhito. O "ito" não significa que trabalhe pouco, sgnifica é que não estou a fazer aquilo para o qual estudei. "Bem-vinda ao clube", pensarão vocês. Sou "account & marketing manager" na companhia multinacional Z-Card. Impressionados? Ainda bem, mas desenganem-se. Faço de tudo um pouco, e nem precisei de estudar marketing. A minha base de trabalho éuma base de dados gigantesca com contactos dos directores de marketing de quase todas as empresas de quase todos os mercados em Espanha e Portugal. Estou a falar a sério. A única coisa boa neste empreguito (além do dia 28 de cada mês) é que estou a ficar com um conhecimento incrível sobre os movimentos do mercado ibérico.
Os meus curricula continuam a encher as caixas de correio das agências de relações públicas.
Voltando ao blog, espero que não se aborreçam e que comentem. Nem que seja para dizer que me leram!
Voltem sempre.