Depois de uma dura despedida, eis-me em Portugal, Centro, Oeiras.
Cheguei há três semanas e ainda não tinha tido oportunidade de escrever nada aqui. Nem aqui, nem em lado nenhum, nem iniciei nenhum novo livro, nem arrumei grande coisa, nem sequer ainda me situei bem, ainda só deu tempo de ser Natal, de comer uma fatia de bolo rei e de fazer um par de festas aos gatos. Ainda não matei todas as saudades que tinha do meu marido, nem as saudades da família, mas as de Barcelona começam a carcomerme o coração. Parece que deixei lá uma outra Joana. Não a pude trazer, não pôde ser.
Uma casinha " riquinha" estava à minha espera. Pequena, mas não tão pequena como a de Barcelona. Embora pareça que cabem menos coisas. Um conselho: sempre que estiverem num sítio que prevejam ser temporário, não acumulem tralhas, ou pelo menos evitem acumulação (principalmente de revistas que sabem perfeitamente que nunca mais vão, sequer, folhear...). A minha mãe ainda tinha esperança que eu pudesse levar comigo a minha tralha do quarto côr-de-rosa que ainda preservo, o quarto da infância, adolescência e princípio de vida adulta, mas ficou-se por aí, pela esperança.
Lisboa é mais fria. As pessoas são mais frias. Estou cheia de medo de não fazer amigos. A minha equipa vai ser uma única pessoa, e essa pessoa vai estar sempre fora, chez les clients...
Vou ter de me safar e parece que vai ser duro. Toda a gente se safa de carro e a minha fobia de condução parece aumentar de dia para dia. O Miguel anda à procura de um trabalho adaptado a ele. É um excelente veterinário e isso parece assustar os chefes. É como as mulheres fortes e seguras, parecem assustar os homens.
O meu aconchego ainda está longe, mas já o vejo ao fundo do túnel.
Vou ter um gato para me aconchegar. No Natal ofereceram-me tudo para o tal gato, mas o gato ainda não. Vou adoptar um depois de reis (6 de Janeiro para quem não estiver familiarizado).
Engraçado... Pensava eu que ia viver um Natal mais tranquilo e realmente, vivi. Mas não teve tanta piada, não foi tão intenso. E bem que andámos de um lado para o outro feitos tolos. Mas passou mais superficial. Não o senti tanto a passar...
Estou ainda um pouco triste e assustada por voltar. Ainda não me habituei a que toda a gente à volta fale, perceba, grite, o português... Procuro refúgio na TVE1 (menos mal que hay Tv Cabo) e na música espanhola. Deliro com Malu (conhecem? recomendo: http://www.maluweb.com/) e com El Canto del Loco. Espanha é mais alegre em geral. As pessoas são mais vivas em geral. Na minha empresa parece que anda tudo mortiço. Abrem as portas às mulheres e pouco mais. É uma seca, não há nenhum estrangeiro... aliás, há um!!! UM!!!!
Para a semana, portanto, para o ano, vou-me inscrever num ginásio. Haverá amigos lá? A Xana vai-se pirar depois de reis para Barcelona e a Sarita está longe, ou seja, em Lisboa. Eu vivo num dormitório agradável, perto da praia, mas que parece igualmente mortiço, não há pessoas a correr e a beber cervejas na rua, só carros de vez em quando e cães de quando em quando. É sossegado e para dormir uma maravilha. Não tenho o embalo das conversas de bar do Jaica.
Preciso de me sentir mais aconchegada portanto a minha luta ainda só começou. Se em Barna tínhamos uma postura, não tínhamos possibilidade de estabilizar, comprar casa, ter filhos, animais, progredir. Mas era bom. Era incerto. Agora é neutro. Ainda não odiamos nem amamos estar aqui. Subir ao Norte é o rumo, mas para já toca ficar e lutar por sentir-me, sentir-nos... aconchegados! É tempo de voltar, mudar para melhor. Já vi a ponta do melhor mas o resto da casca é dura de roer.
Até para o ano e... whish me luck!!!!!! Happy new year Portugal believers like meeeee!!!