O Bate-cu
Desculpem desde já a expressão, mas o meu sábado e domingo passados foram isso mesmo. Sem tirar nem pôr.
Decido oferecer de prenda de anos (e de dia dos namorados) um fim de semana de snowboard ao meu Mig. Ele todo feliz. Eu receosa. Só me tinha tentado equilibrar uma vez numa prancha e muito a medo. Andorra, pistas de Ordino Arcalís, bastante neve, muita gente, maioria famílias de esquiadores. Os snowboarders são sempre os "rompedores", os "rebeldes" que fumam charros ao mesmo tempo que vão deslizando nas pistas negras. Eu sentia-me deslocada. E este foi o desenvolvimento da questão:
a) fase "botas"- as botas de snowboard só são confortáveis na neve; andar na rua com elas, nem que seja até à pista, dói, principalmente se não estás habituado/a. De forma que foi a gemer que cheguei á lojinha onde alugavam as "tablas" de snow;
b) fase pânico na "telesilla" (cadeira transportadora, desculpem mas não sei como se chama em Português) - quem me conhece já teve oportunidade de saber que tenho bastantes vertigens. Afinal, desenganem-se, não tenho bastantes, tenho todas as que se pode ter. O Miguel lá me ia explicando que aquilo subia rápido, que não tivesse medo, que era normal que caísse na saída... Mal me sentei na dita e o Miguel puxou o ferro de segurança, aquilo deu um solavanco e afastou-se imenso do chão de maneira que via as pessoas do tamanho de formigas. E abanava. Mesmo de olhos fechados, não evitei o ataque de pânico. Gritei todo o caminho e, claro, caí na saída, as pernas tremiam-me como varas verdes...
c) fase 4 km de pista azul... e agora? - com as pernas ainda a tremer, a má notícia: Joana, acho que nos enganámos, viemos ter a uma pista de 4 km, nivel 2... Ok, calma Joana, nem que vás de trenozinho emprestado, mas já que pagaste o forfait, toca a tentar equilibrar-te nesta tábua. O máximo que consegui, perante o desalento mais meu que do meu companheiro de aventuras, foram 12 segundos em cima da tábua. Aprendi a cair e a levantar-me, basicamente. Das 11 da manhã às 4 da tarde, caí e levantei-me. Quando começou a nevar, demo-nos conta, porque os meus braços começavam a falhar, que eram 4 da tarde e há 5 horas que não comíamos. Com esperança, entramos num café a meio da tal pista enorme, comemos alguma coisa e perguntámos se havia cadeirinhas para descer... A "camarera" sorriu e disse: "não, nós aqui descemos a esquiar...". Ah, ok...
d) fase "não aguento mais, vou a pé" - depois de 2 km a cair e levantar-me, durante 5 horas (!!!), decidi desistir e ir a pé. O problema é que faltavam 2 km, na neve, com algum grau de inclinação, prancha na mão e vento fortíssimo... Mesmo assim lá fui eu, ainda tentei duas vezes deslizar mas caía sempre, e doía-me cada vez mais o rabo, os braços, as costas... Assim que fui a pé.
e) fase segundo dia, dorida mas ainda com alguma força de vontade - graças à milagrosa pomada Voltarén, os músculos doíam muito, mas podia-me mexer. Assim que, agora nas pistas de Pal Arinsal, bem estudadas, nos instalamos sentados na neve no princípio da pista de debutantes. Senti-me melhor porque só via pessoas a cair como eu, um gajo todo cheio de mania a cair como eu, e a desistir como eu, por isso, respirei fundo e fui caindo até ao fim da pista, até que o corpo não aguentou mais e disse "vai para o café ler um livro", e assim fiz, deixando que o pobre Miguel que tinha feito de babysitter/professor de snowboard/psicólogo/massagista no dia de aniversário, pudesse desfrutar alguma coisa no dia pós-aniversário.
Uma coisa é certa: é um desporto perigoso, caro, longe, frio, desconfortável... e tem milhões de adeptos. Morro de curiosidade em descobrir o que os atrai para o deslize pela neve. Por isso decidi, na viagem de volta, continuar a tentar, por amor (o meu namorado é louquinho por snowboard) e por curiosidade. Pelo menos uma vez por ano. O resto dos dias nado na piscina.
Desculpem desde já a expressão, mas o meu sábado e domingo passados foram isso mesmo. Sem tirar nem pôr.
Decido oferecer de prenda de anos (e de dia dos namorados) um fim de semana de snowboard ao meu Mig. Ele todo feliz. Eu receosa. Só me tinha tentado equilibrar uma vez numa prancha e muito a medo. Andorra, pistas de Ordino Arcalís, bastante neve, muita gente, maioria famílias de esquiadores. Os snowboarders são sempre os "rompedores", os "rebeldes" que fumam charros ao mesmo tempo que vão deslizando nas pistas negras. Eu sentia-me deslocada. E este foi o desenvolvimento da questão:
a) fase "botas"- as botas de snowboard só são confortáveis na neve; andar na rua com elas, nem que seja até à pista, dói, principalmente se não estás habituado/a. De forma que foi a gemer que cheguei á lojinha onde alugavam as "tablas" de snow;
b) fase pânico na "telesilla" (cadeira transportadora, desculpem mas não sei como se chama em Português) - quem me conhece já teve oportunidade de saber que tenho bastantes vertigens. Afinal, desenganem-se, não tenho bastantes, tenho todas as que se pode ter. O Miguel lá me ia explicando que aquilo subia rápido, que não tivesse medo, que era normal que caísse na saída... Mal me sentei na dita e o Miguel puxou o ferro de segurança, aquilo deu um solavanco e afastou-se imenso do chão de maneira que via as pessoas do tamanho de formigas. E abanava. Mesmo de olhos fechados, não evitei o ataque de pânico. Gritei todo o caminho e, claro, caí na saída, as pernas tremiam-me como varas verdes...
c) fase 4 km de pista azul... e agora? - com as pernas ainda a tremer, a má notícia: Joana, acho que nos enganámos, viemos ter a uma pista de 4 km, nivel 2... Ok, calma Joana, nem que vás de trenozinho emprestado, mas já que pagaste o forfait, toca a tentar equilibrar-te nesta tábua. O máximo que consegui, perante o desalento mais meu que do meu companheiro de aventuras, foram 12 segundos em cima da tábua. Aprendi a cair e a levantar-me, basicamente. Das 11 da manhã às 4 da tarde, caí e levantei-me. Quando começou a nevar, demo-nos conta, porque os meus braços começavam a falhar, que eram 4 da tarde e há 5 horas que não comíamos. Com esperança, entramos num café a meio da tal pista enorme, comemos alguma coisa e perguntámos se havia cadeirinhas para descer... A "camarera" sorriu e disse: "não, nós aqui descemos a esquiar...". Ah, ok...
d) fase "não aguento mais, vou a pé" - depois de 2 km a cair e levantar-me, durante 5 horas (!!!), decidi desistir e ir a pé. O problema é que faltavam 2 km, na neve, com algum grau de inclinação, prancha na mão e vento fortíssimo... Mesmo assim lá fui eu, ainda tentei duas vezes deslizar mas caía sempre, e doía-me cada vez mais o rabo, os braços, as costas... Assim que fui a pé.
e) fase segundo dia, dorida mas ainda com alguma força de vontade - graças à milagrosa pomada Voltarén, os músculos doíam muito, mas podia-me mexer. Assim que, agora nas pistas de Pal Arinsal, bem estudadas, nos instalamos sentados na neve no princípio da pista de debutantes. Senti-me melhor porque só via pessoas a cair como eu, um gajo todo cheio de mania a cair como eu, e a desistir como eu, por isso, respirei fundo e fui caindo até ao fim da pista, até que o corpo não aguentou mais e disse "vai para o café ler um livro", e assim fiz, deixando que o pobre Miguel que tinha feito de babysitter/professor de snowboard/psicólogo/massagista no dia de aniversário, pudesse desfrutar alguma coisa no dia pós-aniversário.
Uma coisa é certa: é um desporto perigoso, caro, longe, frio, desconfortável... e tem milhões de adeptos. Morro de curiosidade em descobrir o que os atrai para o deslize pela neve. Por isso decidi, na viagem de volta, continuar a tentar, por amor (o meu namorado é louquinho por snowboard) e por curiosidade. Pelo menos uma vez por ano. O resto dos dias nado na piscina.