Parabéns ao PS, claro. Mais que energias positivas, desejo movimentos positivos ao novo regime. Muito bom senso. Defendam Portugal do desalento dos próprios Portugueses.
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Trabalhe desde casa!
De vez em quando aparece um papelinho com anúncios como este nas paragens de autocarro. No meu caso, saiu da boca do chefe. Sexta-feira fizemos a mudança para o novo armazém/escritório, na zona industrial de Badalona, a quase uma hora de minha casa (de transportes públicos + a pé) e a uns simples 15 minutos de carro. Cheira-me que irei muitas vezes de "boleia" com o Migas. Mudámo-nos cedo demais. Nem aquecimento há, nem luz nas casas de banho, precipitação. Resultado: a linha de internet corta-se cada 5 minutos, não podemos trabalhar, quem tem internet que vá para casa. Estou a trabalhar desde casa e é bastante estranho. Não gosto, sinceramente. Há que separar as coisas fisicamente.
Amanhã vou trabalhar de pijama... hi, hi...
De vez em quando aparece um papelinho com anúncios como este nas paragens de autocarro. No meu caso, saiu da boca do chefe. Sexta-feira fizemos a mudança para o novo armazém/escritório, na zona industrial de Badalona, a quase uma hora de minha casa (de transportes públicos + a pé) e a uns simples 15 minutos de carro. Cheira-me que irei muitas vezes de "boleia" com o Migas. Mudámo-nos cedo demais. Nem aquecimento há, nem luz nas casas de banho, precipitação. Resultado: a linha de internet corta-se cada 5 minutos, não podemos trabalhar, quem tem internet que vá para casa. Estou a trabalhar desde casa e é bastante estranho. Não gosto, sinceramente. Há que separar as coisas fisicamente.
Amanhã vou trabalhar de pijama... hi, hi...
Mona Lisa
Esqueci-me de vos contar, mas este fim de semana passado foi dedicado ao DVD. Primeiro filme: escolha do homem da casa, um filme francês muito fraquinho dedicado aos fãs do snowboard, de título, como não: "snowboarder". Sábado: um filme fantástico, "Mona Lisa's Smile". Uma pequena nota sobre este filme...
Devemos, como diz a própria Julia Roberts numa entrevista incluída nos "extras" do DVD, abraçar e beijar as nossas mães e avós (falo só com as mulheres agora), graças a elas e às bisavós (para as mais novas) somos mulheres livres e podemos decidir a nossa vida segundo as nossas vontades, sem soutiens apertados nem bombardeio de anúncios machistas: "This Christmas, make her happy with a Hoover!". Vale a pena ver o filme e mais a pena ver os extras. As estatísticas são impressionantes. Mulheres trabalhadoras só mesmo enfermeiras e professoras. Não havia muita escolha. Nos Estados Unidos, a cultura do anúncio das últimas novidades em tecnologias domésticas imperava. Tanto que, depois da lua de mel, já com a casa montada, pagava-se por uma sessão de fotos com os electrodomésticos (a mulher de bata, claro, o homem estaria sentado no sofá a ler o jornal ou curioso a cheirar a panela). Foto-tipo: mulher com uma bacia com roupa e a carregar sorridente no botão da máquina de lavar, enquanto o homem, ao lado, faz festas ao cão.
Este é o século das mulheres, que estão cada vez mais poderosas (já repararam?).
Terceiro filme, domingo: "Imagining Argentina", mais violento do que imaginava, sobre os "desaparecidos" durante o regime dictatorial na Argentina. 30.000 pessoas desapareceram sem deixar rasto. No final, os dados sobre os "desaparecidos" noutros países... Chocante. Não aconselho que vejam o filme, mas que leiam sobre o tema, é alarmante. CONTINUAM A DESAPERECER PESSOAS EM TODO O MUNDO NESTAS CIRCUNSTÂNCIAS SUSPEITAS.
Quem defende estas pessoas?
Esqueci-me de vos contar, mas este fim de semana passado foi dedicado ao DVD. Primeiro filme: escolha do homem da casa, um filme francês muito fraquinho dedicado aos fãs do snowboard, de título, como não: "snowboarder". Sábado: um filme fantástico, "Mona Lisa's Smile". Uma pequena nota sobre este filme...
Devemos, como diz a própria Julia Roberts numa entrevista incluída nos "extras" do DVD, abraçar e beijar as nossas mães e avós (falo só com as mulheres agora), graças a elas e às bisavós (para as mais novas) somos mulheres livres e podemos decidir a nossa vida segundo as nossas vontades, sem soutiens apertados nem bombardeio de anúncios machistas: "This Christmas, make her happy with a Hoover!". Vale a pena ver o filme e mais a pena ver os extras. As estatísticas são impressionantes. Mulheres trabalhadoras só mesmo enfermeiras e professoras. Não havia muita escolha. Nos Estados Unidos, a cultura do anúncio das últimas novidades em tecnologias domésticas imperava. Tanto que, depois da lua de mel, já com a casa montada, pagava-se por uma sessão de fotos com os electrodomésticos (a mulher de bata, claro, o homem estaria sentado no sofá a ler o jornal ou curioso a cheirar a panela). Foto-tipo: mulher com uma bacia com roupa e a carregar sorridente no botão da máquina de lavar, enquanto o homem, ao lado, faz festas ao cão.
Este é o século das mulheres, que estão cada vez mais poderosas (já repararam?).
Terceiro filme, domingo: "Imagining Argentina", mais violento do que imaginava, sobre os "desaparecidos" durante o regime dictatorial na Argentina. 30.000 pessoas desapareceram sem deixar rasto. No final, os dados sobre os "desaparecidos" noutros países... Chocante. Não aconselho que vejam o filme, mas que leiam sobre o tema, é alarmante. CONTINUAM A DESAPERECER PESSOAS EM TODO O MUNDO NESTAS CIRCUNSTÂNCIAS SUSPEITAS.
Quem defende estas pessoas?
domingo, fevereiro 20, 2005
"Bota" o voto
Embora esteja inscrita no Consulado Geral de Portugal, em Barcelona, que ainda não descobri para que funciona, não me "deixaram" ir votar. Para tal tinha de estar recenseada aqui há pelo menos 3 meses, embora as eleições sejam teoricamente antecipadas - facto que deveria ter sido decisivo também no alrgamento dos prazos de inscrição, mas ninguém pensou na nova e crescente vaga de emigrantes/estudantes Portugueses espalhados pelo mundo, à espera de uma mudança em Portugal para voltar.
Pelo telefone pergunto à senhora do outro lado da linha: "então para que serve estar inscrita no Consulado?". Ela: "bem... é que no caso de um acidente, nós temos os seus dados e os da sua família e...". Ok, não me diga mais nada. Serve só para o lado negativo. Aspectos positivos fora e nem se pode comprar um jornal português lá dentro, só mesmo ver por segundos o Manuel Luís Goucha.
Nuestros hermanos vão votar hoje também (aliás, alguns, poucos, segundo o que tenho ouvido falar), mas na constituição europeia. Também não posso votar. Porque estou "declarada" aqui em Espanha há dois anos, e tenho de estar pelo menos há três a viver cá (declarada, porque na prática estou há três anos e 3 dias aqui em Barna) para poder exercer o meu direito. Mas mesmo que pudesse ir votar, ia em branco. A ideia de constitução europeia é bonita, mas não sei o que tem de recheio. É este hábito que temos hoje em dia de esperar que tudo nos chegue às mãos sem fazer esforço, porque não há tempo ou paciência. Por causa desta preguicite e decadência da curiosidade para temas mais difíceis, estamos todos na esplanada a ler a Hola e a votar por sms na mulher mais bem vestida. Assumo-me culpada por não ter opinião. Ou não...
Boa sorte para um novo Portugal e para a velha Europa.
Embora esteja inscrita no Consulado Geral de Portugal, em Barcelona, que ainda não descobri para que funciona, não me "deixaram" ir votar. Para tal tinha de estar recenseada aqui há pelo menos 3 meses, embora as eleições sejam teoricamente antecipadas - facto que deveria ter sido decisivo também no alrgamento dos prazos de inscrição, mas ninguém pensou na nova e crescente vaga de emigrantes/estudantes Portugueses espalhados pelo mundo, à espera de uma mudança em Portugal para voltar.
Pelo telefone pergunto à senhora do outro lado da linha: "então para que serve estar inscrita no Consulado?". Ela: "bem... é que no caso de um acidente, nós temos os seus dados e os da sua família e...". Ok, não me diga mais nada. Serve só para o lado negativo. Aspectos positivos fora e nem se pode comprar um jornal português lá dentro, só mesmo ver por segundos o Manuel Luís Goucha.
Nuestros hermanos vão votar hoje também (aliás, alguns, poucos, segundo o que tenho ouvido falar), mas na constituição europeia. Também não posso votar. Porque estou "declarada" aqui em Espanha há dois anos, e tenho de estar pelo menos há três a viver cá (declarada, porque na prática estou há três anos e 3 dias aqui em Barna) para poder exercer o meu direito. Mas mesmo que pudesse ir votar, ia em branco. A ideia de constitução europeia é bonita, mas não sei o que tem de recheio. É este hábito que temos hoje em dia de esperar que tudo nos chegue às mãos sem fazer esforço, porque não há tempo ou paciência. Por causa desta preguicite e decadência da curiosidade para temas mais difíceis, estamos todos na esplanada a ler a Hola e a votar por sms na mulher mais bem vestida. Assumo-me culpada por não ter opinião. Ou não...
Boa sorte para um novo Portugal e para a velha Europa.
terça-feira, fevereiro 15, 2005
O Bate-cu
Desculpem desde já a expressão, mas o meu sábado e domingo passados foram isso mesmo. Sem tirar nem pôr.
Decido oferecer de prenda de anos (e de dia dos namorados) um fim de semana de snowboard ao meu Mig. Ele todo feliz. Eu receosa. Só me tinha tentado equilibrar uma vez numa prancha e muito a medo. Andorra, pistas de Ordino Arcalís, bastante neve, muita gente, maioria famílias de esquiadores. Os snowboarders são sempre os "rompedores", os "rebeldes" que fumam charros ao mesmo tempo que vão deslizando nas pistas negras. Eu sentia-me deslocada. E este foi o desenvolvimento da questão:
a) fase "botas"- as botas de snowboard só são confortáveis na neve; andar na rua com elas, nem que seja até à pista, dói, principalmente se não estás habituado/a. De forma que foi a gemer que cheguei á lojinha onde alugavam as "tablas" de snow;
b) fase pânico na "telesilla" (cadeira transportadora, desculpem mas não sei como se chama em Português) - quem me conhece já teve oportunidade de saber que tenho bastantes vertigens. Afinal, desenganem-se, não tenho bastantes, tenho todas as que se pode ter. O Miguel lá me ia explicando que aquilo subia rápido, que não tivesse medo, que era normal que caísse na saída... Mal me sentei na dita e o Miguel puxou o ferro de segurança, aquilo deu um solavanco e afastou-se imenso do chão de maneira que via as pessoas do tamanho de formigas. E abanava. Mesmo de olhos fechados, não evitei o ataque de pânico. Gritei todo o caminho e, claro, caí na saída, as pernas tremiam-me como varas verdes...
c) fase 4 km de pista azul... e agora? - com as pernas ainda a tremer, a má notícia: Joana, acho que nos enganámos, viemos ter a uma pista de 4 km, nivel 2... Ok, calma Joana, nem que vás de trenozinho emprestado, mas já que pagaste o forfait, toca a tentar equilibrar-te nesta tábua. O máximo que consegui, perante o desalento mais meu que do meu companheiro de aventuras, foram 12 segundos em cima da tábua. Aprendi a cair e a levantar-me, basicamente. Das 11 da manhã às 4 da tarde, caí e levantei-me. Quando começou a nevar, demo-nos conta, porque os meus braços começavam a falhar, que eram 4 da tarde e há 5 horas que não comíamos. Com esperança, entramos num café a meio da tal pista enorme, comemos alguma coisa e perguntámos se havia cadeirinhas para descer... A "camarera" sorriu e disse: "não, nós aqui descemos a esquiar...". Ah, ok...
d) fase "não aguento mais, vou a pé" - depois de 2 km a cair e levantar-me, durante 5 horas (!!!), decidi desistir e ir a pé. O problema é que faltavam 2 km, na neve, com algum grau de inclinação, prancha na mão e vento fortíssimo... Mesmo assim lá fui eu, ainda tentei duas vezes deslizar mas caía sempre, e doía-me cada vez mais o rabo, os braços, as costas... Assim que fui a pé.
e) fase segundo dia, dorida mas ainda com alguma força de vontade - graças à milagrosa pomada Voltarén, os músculos doíam muito, mas podia-me mexer. Assim que, agora nas pistas de Pal Arinsal, bem estudadas, nos instalamos sentados na neve no princípio da pista de debutantes. Senti-me melhor porque só via pessoas a cair como eu, um gajo todo cheio de mania a cair como eu, e a desistir como eu, por isso, respirei fundo e fui caindo até ao fim da pista, até que o corpo não aguentou mais e disse "vai para o café ler um livro", e assim fiz, deixando que o pobre Miguel que tinha feito de babysitter/professor de snowboard/psicólogo/massagista no dia de aniversário, pudesse desfrutar alguma coisa no dia pós-aniversário.
Uma coisa é certa: é um desporto perigoso, caro, longe, frio, desconfortável... e tem milhões de adeptos. Morro de curiosidade em descobrir o que os atrai para o deslize pela neve. Por isso decidi, na viagem de volta, continuar a tentar, por amor (o meu namorado é louquinho por snowboard) e por curiosidade. Pelo menos uma vez por ano. O resto dos dias nado na piscina.
Desculpem desde já a expressão, mas o meu sábado e domingo passados foram isso mesmo. Sem tirar nem pôr.
Decido oferecer de prenda de anos (e de dia dos namorados) um fim de semana de snowboard ao meu Mig. Ele todo feliz. Eu receosa. Só me tinha tentado equilibrar uma vez numa prancha e muito a medo. Andorra, pistas de Ordino Arcalís, bastante neve, muita gente, maioria famílias de esquiadores. Os snowboarders são sempre os "rompedores", os "rebeldes" que fumam charros ao mesmo tempo que vão deslizando nas pistas negras. Eu sentia-me deslocada. E este foi o desenvolvimento da questão:
a) fase "botas"- as botas de snowboard só são confortáveis na neve; andar na rua com elas, nem que seja até à pista, dói, principalmente se não estás habituado/a. De forma que foi a gemer que cheguei á lojinha onde alugavam as "tablas" de snow;
b) fase pânico na "telesilla" (cadeira transportadora, desculpem mas não sei como se chama em Português) - quem me conhece já teve oportunidade de saber que tenho bastantes vertigens. Afinal, desenganem-se, não tenho bastantes, tenho todas as que se pode ter. O Miguel lá me ia explicando que aquilo subia rápido, que não tivesse medo, que era normal que caísse na saída... Mal me sentei na dita e o Miguel puxou o ferro de segurança, aquilo deu um solavanco e afastou-se imenso do chão de maneira que via as pessoas do tamanho de formigas. E abanava. Mesmo de olhos fechados, não evitei o ataque de pânico. Gritei todo o caminho e, claro, caí na saída, as pernas tremiam-me como varas verdes...
c) fase 4 km de pista azul... e agora? - com as pernas ainda a tremer, a má notícia: Joana, acho que nos enganámos, viemos ter a uma pista de 4 km, nivel 2... Ok, calma Joana, nem que vás de trenozinho emprestado, mas já que pagaste o forfait, toca a tentar equilibrar-te nesta tábua. O máximo que consegui, perante o desalento mais meu que do meu companheiro de aventuras, foram 12 segundos em cima da tábua. Aprendi a cair e a levantar-me, basicamente. Das 11 da manhã às 4 da tarde, caí e levantei-me. Quando começou a nevar, demo-nos conta, porque os meus braços começavam a falhar, que eram 4 da tarde e há 5 horas que não comíamos. Com esperança, entramos num café a meio da tal pista enorme, comemos alguma coisa e perguntámos se havia cadeirinhas para descer... A "camarera" sorriu e disse: "não, nós aqui descemos a esquiar...". Ah, ok...
d) fase "não aguento mais, vou a pé" - depois de 2 km a cair e levantar-me, durante 5 horas (!!!), decidi desistir e ir a pé. O problema é que faltavam 2 km, na neve, com algum grau de inclinação, prancha na mão e vento fortíssimo... Mesmo assim lá fui eu, ainda tentei duas vezes deslizar mas caía sempre, e doía-me cada vez mais o rabo, os braços, as costas... Assim que fui a pé.
e) fase segundo dia, dorida mas ainda com alguma força de vontade - graças à milagrosa pomada Voltarén, os músculos doíam muito, mas podia-me mexer. Assim que, agora nas pistas de Pal Arinsal, bem estudadas, nos instalamos sentados na neve no princípio da pista de debutantes. Senti-me melhor porque só via pessoas a cair como eu, um gajo todo cheio de mania a cair como eu, e a desistir como eu, por isso, respirei fundo e fui caindo até ao fim da pista, até que o corpo não aguentou mais e disse "vai para o café ler um livro", e assim fiz, deixando que o pobre Miguel que tinha feito de babysitter/professor de snowboard/psicólogo/massagista no dia de aniversário, pudesse desfrutar alguma coisa no dia pós-aniversário.
Uma coisa é certa: é um desporto perigoso, caro, longe, frio, desconfortável... e tem milhões de adeptos. Morro de curiosidade em descobrir o que os atrai para o deslize pela neve. Por isso decidi, na viagem de volta, continuar a tentar, por amor (o meu namorado é louquinho por snowboard) e por curiosidade. Pelo menos uma vez por ano. O resto dos dias nado na piscina.