Paseo de Gracia

sábado, março 12, 2005

Retrocesso?

Esta semana tivémos a má notícia, o Miguel não entrou em nenhuma das clínicas californianas a que concorreu para um "internato", falta-lhe um exame que lhe daria a licença de veterinário por essas terras. Sobraram vagas e neste momento tentará concorrer de outra formas... Mas já estamos a contemplar o nosso regresso a Portugal. Não é a nossa última alternativa, não é uma má alternativa, é desejada, mas não era "para já"... Regressar a Portugal nesta altura seria bom mas seria uma volta sentida como inglória, um retrocesso. Queríamos voltar a Portugal depois de ter estado noutro lugar onde pouparíamos dinheiro, viveríamos e conheceríamos outras pessoas e modos de vida, juntos, um novo recomeço, e não uma volta (embora esta volta seja também um recomeço, de alguma forma). Não é nosso desejo assentar por agora, mas viver mais um bocadinho antes de assentar... É compreensível, creio. Verdade?

Romenos

Na minha última visita a Portugal, há quase três meses, reparei que havia romenas a pedir nos semáforos. Hoje, no intervalo de um trabalho de grupo para decidir o projecto final do mestrado, apareceu um grupo de crianças romenas, provocadoras e mal-educadas, a apontar para a carteira da minha colega Leire, como quem diz: "Essa carteira vai ser nossa", no meio de uma Pans & Company, a encostar-se a nós, tão pequenos e com tanta malícia nos olhos, tão inclinados para a perversidade, para o lado escuro da vida. Obrigados a agir assim? Talvez, e então tentam divertir-se (como crianças que são) com a tarefa que têm de cumprir. que se divide entre o roubar e o pedir esmola, provocando e metendo medo, porque muitos miúdos de mau aspecto juntos podem meter medo, e enquanto uma te põe um papel à frente a outra te rouba a carteira. Senti-me desconfortável. Chocada. Pelos olhares, pelos olhares desafiadores, pela pouca importância que davam aos nossos próprios olhares reprovadores.
Depois desta cena, a que a Maite pôs um ponto final dando uma palma á frente da cara do puto-chefe, assustando-o e gritando: "Pero, qué pasa?", tivemos um debate e todos concordámos com um aspecto: vivam as campanhas pela tolerância, há que dar-lhes espaço e respeitá-los, mas se se tentassem integrar... Não falo de Romenos em geral, falo de Romenos ciganos, os mais morenos e com dentes de ouro, a que os Romenos que não são ciganos detestam... Não se tentam integrar e revoltam-se cada vez mais na pobreza, na sugidade, na má-vida, aproveitando-se dos bébés para ir pedir nos comboios, invandindo restaurantes e lojas, obrigando as crianças a ir pedir nas ruas e não as deixando ir à escola ou misturarem-se com as crianças espanholas/árabes/etc... Com este panorama... como vamos evoluir? Como vamos conseguir que se integrem? Que pratiquem eles próprios a tolerância? Ou convencê-los que aqui só prejudicam os outros e a eles mesmos??? Trabalho duro nos espera.

11-m

Para mim o 11 de Março deveria ser um dia alegre, celebro o meu aniversário de namoro, o terceiro ontem. Em vez disso passei a noite a chorar, e na minha opinião reflectida, sem razão. Explico: ontem passaram um programa em homenagem às vítimas do 11-m: "El tren de los sueños rotos", na tele5. O programa consistia numa série de vídeos e fotos dos que morreram no atentado. Alguns Equatorianos, alguns Peruanos, Dominicanos, a maioria Espanhóis. Os parentes mais chegados explicavam como eram e que sonhos tinham quando faleceram. Havia pelo menos duas mulheres que estavam grávidas. Depois de alguns abortos tinham finalmente ficado grávidas. Muitos jovens... Mas... um sabor amargo invadiu-me a alma... Se houvesse um programa sobre todas as vítimas do Iraque... Se... Foi muito forte este programa, para mim um disparate evitável. Embora me tenha posto hipnotizada, sem me mexer, sentada no sofá a ver (nós humanos e a nossa curiosidade pelo mal alheio), não fui capaz de desligar ou mudar de canal, e isso revoltou-me mais...
Comentei a minha opinião hoje com os meus colegas do mestrado. Concordaram. Mas eles sim tiveram coragem de mudar de canal. Exagerado. Um programa baseado no exagero e exploração da tristeza...