Paseo de Gracia

domingo, abril 02, 2006

Magicar

Chamou-me a atenção uma entrevista com Isabel Allende, na revista "UNICA" de Abril. Várias frases foram de encontro com o que eu penso mas não exprimo. Porém, a que se desencontrou mais de mim foi: "A imaginação salvou-me de uma vida vulgar."

O que será uma vida vulgar? Nascer, crescer, casar, procriar, trabalhar, cansar e morrer? Isabel, toda a gente tem uns entretantos que nos salvam do vazio. Da vida previsível à qual tu chamas vulgar.

A imaginação, Isabel, toda a gente tem. Mas tu tens o dom e o tempo de a escrever. E a sorte e a felicidade de te lerem e te entenderem.

Considero-me uma pessoa muito imaginativa. Talvez mais "magicativa". E conheço tanta gente com eu! Mas não escrevem. Seremos vulgares?

Magico ser outra coisa, tornar-me numa cantora, cantar e actuar, dançar, ter uma harley, ter 5 filhos, uma casa no Algarve e 9 gatos.

A minha frase é: "A imaginação salva-me da dureza do dia-a-dia, porém, a imaginação é o meu dia-a-dia".

Como a Isabel, eu também vejo a minha vida numa tela gigante de cinema, como um filme épico. A minha vida e as minhas vidas, porque eu vivo muitas, aqui e ali e ainda penso naquelas que posso ter vivido.

Isabel, não és mais imaginativa por escrever. Há pessoas muito mais imaginativas que tu. Só que não escrevem.