Paseo de Gracia

domingo, novembro 28, 2004

O Guru

Conhecem o programa "Crónicas Marcianas" da Tele5? Não, as nossas falecidas "Noites Marcianas" não têm nada a ver, mas enfim... Um programa por onde passam todos os "big brothers", prostitutas de luxo, aquela-que-diz-ter-tido-um-caso-com, o homem que mete facas no nariz, etc... Garanto-vos que é muito divertido, mas não convém abusar. Há um convidado agora "habitué" de seu nome Guillermo Ferrara, escritor de vários livros sobre sexo tântrico, guru sexual. Onde vive? Em Barcelona, claro. O divertido desta história é que a minha colega Cátia, na aflição da procura de quarto para alugar, deu de caras com ele, argentino de quase dois metros, caracóis húmidos, autor de um anúncio numa web de título: "aluga-se quarto". A Cátia, recém chegada de Portugal, mas sabedora da fama de "antro de todos e mais alguns" desta cidade multi-faceta, achou que aquele andar "de luxo", decorado orientalmente, cheirava a esturro. Mas o momento crucial e que a fez decidir negativamente foi quando o homem, o gigante guru, evitou mostrar a casa de banho porque "acho que está lá alguém". Só em Barcelona mesmo... Na semana seguinte dá de caras com o homem em fotos de alegadas orgias no programa "Crónicas". De que te livraste Cátia!

Okupas

Ao lado da Guarda Urbana do nosso bairro, há um edifício com bom aspecto, mas fechado com tijolos, uns cinco andares, varandinhas, não se entende como o puderam deixar tão sozinho. Hoje soube que era património da própria Guarda Urbana, um antigo quartel, algo assim. Ontem apercebi-me que tinha sido "okupado". Os okupas são como tribos de jovens que invadem os edifícios antigos abandonados de Barcelona ou arredores, intitulam-se "ex-hipotecats", e na quarta-feira, sem que eu, vizinha, me apercebesse, quebraram os tijolos e fizeram o seu ritual de ocupação, festa incluída, cartazes incluídos, desafiando a esquadra que está mesmo, mesmo ao lado... O edifício, vazio há oito anos, é agora a sede do grupo de okupas "Miles de viviendas" liderados pela voz da "Mariona", naturalista e líder do grupo. Vamos lá ver quem os consegue "sacar" de lá...

sexta-feira, novembro 26, 2004

Conversadora

Nada, nada de novidades... Espero este fim de semana reencontrar aquele tipo de "amigos" que vejo cada três/quatro meses, mas que, ao contrário de outros, estão perto, vivem por aqui. Ramiro, Paula, Manena... Encontrá-los e contar as novidades é uma necessidade cada vez mais necessária. Preciso de falar, falo muito, quem me conhece sabe, e um namorado, por mais bom "ouvidor" que seja, não cobre todas as necessidades sociais que tenho.
Conversar e trocar ideias, rir, comentar, "cuscar", criticar, elogiar, este joguinho social encanta-me, gosto de bons conversadores e tenho saudades de alguns (e algumas) bons conversadores que passaram na minha vida, conversas irrepetíveis, fluxos de inteligência cruzados, encontro de ideias. Quero conversar muito e bem, quero conversas de qualidade e às vezes conversas fiadas, supérfluas. Boa noite. Vou conversar com a televisão. Por hoje chega-me.

domingo, novembro 21, 2004

Como se diz certas coisas...

Outro dia a avó de uma colega de trabalho faleceu. Ela disse-nos num jantar de "girls only", num restaurante mexicano. Eu, como sempre, não soube o que dizer. Acabo sempre por soltar alguma barbaridade tipo: "era muito velhinha?"... O que se diz e como neste tipo de situações? "Sinto muito", só? "E tu, estás bem?" Alguma sugestão? Uma forma de dizer algo sem fazer chorar a pessoa ou sem parecer estúpida...

Dominguice

Domingo, dia de esplanada e revistas + jornais espalhados na mesa do café. 17 graus em Barcelona. Preguiça e lentidão de gestos.Um capuccino por favor. A ressaca do clássico de ontem, 3-0 (Barcelona-Real Madrid) e uma noite de buzinadelas no meio de ruas que ecoam. O vizinho do lado só ouve músicas estranhas. E eu, de revista feminina em punho ("Glamour", 320 páginas, edições Condé Nast), imagino já a minha visita ao Lidl para comprar efeites de Natal, amanhã. Imagino a minha lista de Natal, a rua quando estejam acendidas as luzes que o "ayuntamiento" instalou só em metade da rua (umas estão mesmo na nossa varanda, vai ser plim plim todas as noites, tipo reclame de bar). Uma dominguice já a sugerir Natal e brilhos. Reconfortante. Feliz domingo.

Lucía Etxebarria

"A las mujeres nos exigen ser perfectas... No hagas caso!"

Esta escritora "sentimental" esteve no Corte Inglês da Praça Maria Cristina na quinta-feira a assinar o seu novo livro, vencedor do prémio Planeta, "Un milagro en equilibrio", um ensaio sobre a maternidade, como ela mesma o define. É uma mulher grande, de grandes cabelos e sorriso, defensora das mulheres e de tudo o feminino. Sou fã. Já chegaram aí a Portugal os seus livros, verdade? "Beatriz e os corpos celestes"; "Uma história de amor como outra qualquer"... O Miguel fez-me uma surpresa e ofereceu-me o último, com um recém-nascido na capa. E Lucía dedicou-o "à mulher mais elegante da planta de livros do ECI"... Que exagero, mas ela gostou do meu casaco. Fixou os olhos nele e no Miguel. Será que vai escrever alguma coisa sobre mim? Até fiquei com medo, sugou-me à procura de um detalhe, de algo em mim ou à minha volta que lhe permitisse escrever a melhor das dedicatórias. Caiu no cliché. Oh... Não faz mal, perdoo. Leiam. Não escreve pieguices, escreve como qualquer mulher sentimental pensa a sente.

Bridget Jones

"Uma mulher pode ser feliz tendo 33 anos e o rabo do tamanho de dois melões".
Chega de exigir à mulher que esteja sempre fantástica. Defendamo-nos.

segunda-feira, novembro 15, 2004

"Murphy existe" - tema da aula de protocolo empresarial de hoje.
Acabo de ver um ratito no metro, mas isso é outra história...
Vermouth
Quinta-Feira, eu a Carla e o Mig, os três da vida airada, fomos a uma "vermoutheria". Um sítio onde se bebe vermouth, claro, e licor de mel, e licor de tudo e mais alguma coisa, muito discreto, com uma rádio antiga que passa música antiga, dois gatos pretos, pó... tudo o que uma vermoutheria devia ter, claro, até as mesas de ferro e vidro arranhado. O dono: um velhote que, à primeira vista, te parece meio ranhoso. Mas dás-lhe uma chispa de conversa e... ei lá! Este homem é daquele contadores de histórias natos, vamos ouvi-lo porque sabe realmente bem... Presidente da Associação de Artesãos do bairro do Born, contou-nos factos tão incríveis quanto, por exemplo, o de que eu e o Miguel vivemos numa ilha, numa antiga ilha, que é todo o bairro da Barceloneta que, com o tempo, se foi unindo ao Born, ganhando terreno, um bairro de pescadores, de artesãos, um bairro virado para o mar: a ex-ilha de Maians. O senhor "Ametller", que é como lhe resolvemos chamar, foi a Portugal na sua juventude, antes da revolução "dels clavels", e quase ajudou a uma discreta rapariga a pirar-se escondida no porão. Disse-nos que achou o Portugal dos 70 "patético", não havia homens na rua, estavam todos fugidos ou na guerra, tudo escorregava, as prostitutas eram velhas... Só gostou do bacalhau. Mas... lá estava a garrafa de Amarguinha, lá estava o azulejo de Sintra, lá estava a recordação do seu amigo catalão, hoje com um restaurante em Bordéus, que ajudou a recaudar fundos para a nossa revolução. Diz que tremeu, ficou esperançado, mais do que com a revolução chilena. Quero ouvir-te outra vez "Ametller" (amendoeiro em catalão) e fazer festinhas nos teus gatos pretos enquanto ouço mais histórias. Quero pedacinhos de avôs contadores de contos na minha vida, a adoçar a minha vida. Vivo numa ilha. Que bem me sabe saber isto.
L`Ametller:
Amb certa picardia, un petit espai de degustació i un mínim establiment a l`antiga, L'Ametller és un dels petits secrets de La Ribera.Banys Vells 7
Desilusão antecipada?
Estou um pouco desiludida. A entrevista com a Nestlé não correu mal, não, mas a forma como me explicaram o porquê de "poder não ser contratada" foi o fim da picada: "porque ya lo sabes, solo puede pasar una o dos personas, y todos encajan en el perfil que buscamos"... Ya... Ok, fiquem lá com o nescafé. Eu não vou desistir. Pode ser que até me tenha servido para reflectir e pensar que a comunicação interna poderá não ser o mais belo desafio.
Que se passa hoje que não consigo pôr parágrafos no blog?

segunda-feira, novembro 08, 2004

Correcções

Acho que pus dois comentários iguais ao responder ao comentário do Hugo (ups). Bem, só quero mudar uma frase: onde se lê "Mas também me é impossível controlá-lo", por favor ler "Mas também me é impossível controlar o desejo de voltar".
Ya sabéis como soy, me gustan las cosas claras, claritas.

Bos noite a todos.

domingo, novembro 07, 2004

À espera...

A Nestlé ainda não deu sinais.Ontem fui ao cinema, a uma sessão "golfa" (depois da meia-noite) no bairro da Grácia, com o Miguel e a Carla (ver o "gato preto, gato branco", louquíssimo), e só vos queria deixar este desabafo: trabalhar na Nestlé, num departamento de comunicação, é um sonho, é o meu sonho profissional. Não quero a Michelin, a Sony, a Zara, não, é a Nestlé, é com a Nestlé que me identifico mais, não consigo pensar que podem não me chamar para o cargo... Disseram-me na entrevista: "estamos à procura duma pessoa que se dedique à empresa durante toda a sua vida profissional, se fôr possível", é mesmo isso, é isso que eu quero, vestir a camisola, estabilizar... Torçam por mim.

A minha ex-colega de curso, Cátia Marinheiro, está por Barcelona. Veio trabalhar na revista "Super Pop" como redactora, emprego que eu já tive, se bem se lembram. Mais uma que veio para fora. São cada vez mais.
Enquanto estive em Portugal estes dias, verifiquei com um nó na garganta que toda a gente, ex-colegas, amigos da mesma idade, vivem desiludidos a nível profissional. Os jovens Portugueses estão sem esperança em Portugal, empenhados em ir para fora, uma temporada ou, se correr bem, uns anos... o tempo que fôr necessário. Mas escutem: se todos fugirmos, Portugal fica vazio. Vão, mas voltem. Voltem para tentar melhorar Portugal. Se os Portugueses não o fizerem, quem o fará? Coragem, por favor. Não fujam todos. Eu só estou aqui por amor, por nada mais, nada me prende a não ser o Miguel. Se não criarmos as oportunidades elas não nascem, também é preciso criá-las.
E não se humilhem em estágios grátis e em contratos de um mês, dêem-se o valor devido, "eles" só se aproveitam porque "nós" deixamos, por achar que não há outra coisa a fazer se queremos vingar neste mercado.

Sim, eu quero muito trabalhar na Nestlé... mas, acima de tudo, quero voltar para Portugal e tentar evoluir com o meu país, não com o país dos outros. Não vou hesitar quando fôr momento de voltar.

Beijos e abraços, força.

Animalidades

Resumo das melhores curiosidades lidas na revista "Animalia" de Novembro; é para o que dá quando se vive com um veterinário. Sabia que...
- o caso de maior longevidade que se conhece num gato é de 34 anos e de um cão, 29?
- o conjunto da descendência de um gato (e os seus descendentes) pode chegar a originar 420 mil gatos em 7 anos?
- se capturam mais de 38 milhões de animais selvagens, por ano, para tráfico selvagem?