Paseo de Gracia

domingo, setembro 19, 2004

Cadeira de rodas

Justifico o meu ps último, provocada pelo comentário do Abel. Eu não quis criticar o Santana em especial, ele não trabalha sozinho, ele não inaugurou as instalações, evidentemente. Critico tudo o que aquele facto representou. O meu ps não foi como defensora de um ou de outro partido, foi como espantada por ninguém ter pensado em... ou ninguém continuar a prestar atenção às necessidades das pessoas com alguma deficiência.
Infelizmente só me chegam aos ouvidos, aqui em Barna, esse tipo de notícias. Que posso dizer e pensar, depois de ter estado num centro comercial totalmente equipado para deficientes às compras, depois de ter estado num concerto do Carlinhos Brown rodeada de um grupo de pessoas em cadeiras de rodas no fórum, depois de o último jornal de notícias que trouxe falar da impossibilidade de um portuense em cadeira de rodas levantar dinheiro... Não tenho côr política neste momento, que fique claro, só desejo do coração que Portugal evolua no bom sentido, que apareçam dirigentes cujas decisões me orgulhem, mesmo longe. O meu ps, considerem-no ou não desnecessário, foi um ps saído do meu espanto de não ter notícias boas de Portugal há muito tempo (a não ser daquele nadador salvador de Esposende que se tornou herói). Toda a gente se queixa, típico, eu também e estou longe, mas não posso deixar de me envergonhar com este tipo de situações.

sábado, setembro 18, 2004

Razão do coração...

Quando pensamos que já estamos crescidinhos, adultos, que decidimos mais ou menos coisas razoáveis na nossa vida, vem um alemão e põe a nossa razão em causa. Uma alemã, neste caso. O simples facto de querer passar o Natal em casa, passando por faltar uma manhã de trabalho, para percorrer 1200 km pode-nos levar a cometer loucuras, como pôr o emprego em causa (bem, se fosse o emprego dos meus sonhos não sei se isto se passaria). Disse mesmo, e juro-vos que veio do meu coração, lá do fundo... e que O FARIA mesmo: "Se não for a casa no Natal por causa do meu emprego, prefiro despedir-me." Acham muito forte? Chocante? Escandalizante? Eu não. Mas as pessoas são diferentes, né? Bem, as minhas chefes ficaram de queixo caído, acharam-me a pessoa mais louca do mundo, acharam que estava a ameaçar, a fazer chantagem. Mas juro-vos que não. Deram-me confiança e... como sempre, como sabe quem me conhece, abri o coração. Prometo que não o faço mais, pelo menos não com chefes... principalmente alemães...
Até outra.
PS: Uma vergonha aquilo do Santana não ter pensado nas cadeiras de rodas...

domingo, setembro 12, 2004

Temos Veterinário...
O Mig superou os testes de nervos e um exame de melhora genética e... já é doutor dos bichinhos, sim é verdade, é mesmo verdade, já podemos fazer planos, pensar sair daqui, Canadá, EUA, qualquer coisa mas num plano de vida mais elevado...
Parabéns a ele e ao seu esforço. Uma década de trabalhador-estudante-emigrante superada.

O Filme
Do momento, para mim é, sem dúvida "a terminal", com um fantástico Tom Hanks mais comovedor que nunca. Uma história muito rica, cheia de amor, humor, pormenores do melhor que há e nada de americanadas, mas em Nova Iorque. Vale mesmo, mesmo a pena, a sério.

O temporal
Em Barcelona está um tempo muito estranho. Ontem decidimos ir ao fórum. Um dia maravilhoso, calor, 27 graus, céu limpo. Às 9 da noite, Isabel Allende, acusando a UE de deixar prevalecer a vontade dos EUA. Acusando a Europa de não exercer o seu papel de super potência frente aos EUA. E tem um pouco de razão, não? Chuva, raios, daqueles que deixam o céu roxo claro fluorescente. Daqueles que não chegam a cair na terra, espalham-se no céu, lindo. O pior foi a chuva e o vento. Parecia coisa de filme de terror, tudo a voar, coisas a cair. Nós a fugir à chuva, molhados, de havaiana no pé, mas no meio do filme do fórum a voar, dos milhares de pessoas a fugir por todo o lado. Chegámos a casa e tínhamos um bocado do telhado de algum vizinho na varanda, mas um bocadão! De plástico com um pouco de cimento.
Já provaram um prato óptimo chamado "mussaka"? Creio que é árabe. Recomendo.

domingo, setembro 05, 2004

Atenção ao cliente

Supostamente há que dar atenção ao cliente porque o cliente é quem te paga. Supostamente. Mas aqui os de Barcelona são brutos, não há outra palavra para descrever os conterrâneos que trabalham em atenção ao... chato que te pergunta de tudo e te incomoda a meio do teu trabalho de vendedor.
Já várias vezes me tinha acontecido, mas desta vez explodi. Estou eu a acabar de pagar a minha compra ou a perguntar pormenores daquela peça ou daquele calçado e... eis senão quando alguém metido se... mete na tua vez e, como já está decidido a levar os sapatos, leva-te a rapariga e ficas na seca a tentar descortinar o porquê dos clientes serem mal educados mas, ainda pior, dos empregados aceitarem a má educação e deixarem os que reflectem pendurados... Pois é, aconteceu-me num quiosque. Comprava um postal e uma revista. Estava a pegar no porta moedas e por acaso vi uma colecção de aviõezinhos militares que o meu pai adoraria, toca a perguntar sobre ela e fascículos mas, ai, uma gaja mete-se e compra o jornal. Espero... Logo, entrego as moedas da minha despesa, preparo-me para falar mas, raios, outra metida pergunta alguma estupidez, não resisti, virei-me e disse: "Pf, já é a segunda vez que me interrompem, só um bocadinho de paciência e já lhe dou a vez, ok?". Pufff, caldo entornado, a mulher passa-se e a amiga apoia, que não queria interromper, que pensava que eu já estava despachada, falava alto como 90% dos espanhóis. O homem do quiosque interfere por mim, estou safa... Tem razão menina, diz, "sorry". E eles a darem-lhe... Falo espanhol, dahhh!!! Ou será que não prestou atenção ao meu discurso?
Ontem, ainda pior. Primeiro, má experiência no MacDonald's, mulher bruta, seca, "just a moment please", nem olhava para nós, nem um sorrisinho, toma o hamburguer e pira-te, e as batatas moles e é se queres! Segunda má experiência, Carrefour, claro. Povo até dizer chega. Fomos comprar (ou tentar comprar) um colchão. Um colchão até é uma coisa cara, implica esforço financeiro e essas coisas, mas a vendedora não sabe, pensa que está a vender tomates. Haviam alguns modelos expostos em sommiers, e outros pendurados numa espécie de mostruário. Como não podíamos experimentar a dureza dos colchões que estavam no mostruário num sommier (disseram-nos não ser possível tal coisa) pusemo-nos a carregar com a mão nos ditos, para poder sentir alguma coisa mas... "Cuidado señor que los colchones caen, no les toque por favor!!..." Mas num tom muito histérico, como se estivéssemos a fazer uma asneira e fôssemos meninos pequeninos. 2 casais já tinham passado à nossa frente quando a mulher se dignou a vir-nos atender. Nem temos mau aspecto, pois não? Toda mal disposta. Aconselhou-nos um unico modelo (mole), e insistiu que era mais firme do que o que tínhamos sugerido (que por acaso estava indicado na ficha descritiva que tinha um nível a mais de firmeza, mas vão vocês tentar convencer a mulher!). E depois insistia que a pikolin fazia mal os colchões, mas quando eu lhe pedi para explicar melhor, não soube dizer. Vivam as comissões. Acabámos por comprar o colchão noutro carrefour, a uma rapariguinha simpática, estrangeira como nós. É triste quando nos sentimos etiquetados. Por alguma razão todos os nossos amigos daqui são... estrangeiros.

Uma cerveja não faz o hábito

É verdade, ontem bebi pela primeira vez uma cerveja inteira, uma coronita. Não me soube bem, mas dizem que no princípio nunca sabe por isso, e em prol da convivência social (estou farta da coca cola e da tónica), aqui vai disto. Considerem-me aprendiz gustativa de cerveja.
De resto tudo bem, o trabalho é a mesma seca (mas calma) de sempre. Já me inscrevi no mestrado. Lá o director da "business school" me mostrou a "biblioteca" que oferecem a todos os estudantes de mestrado e... não cabe em minha casa, é cada dicionário! Estou ansiosa por voltar a fazer apontamentos, a ter cadernos! Nunca esperei voltar à escola, mas estou super-contente. Boa semana.