Paseo de Gracia

terça-feira, agosto 31, 2004

Só três medalhinhas, que fraquito, não?
Mas a corrida do Rui Silva valeu por muitas, que show, um foguete com pica final.
Chorei bastante, como em todos os jogos olímpicos, mas é curioso... Só choro com vitórias. Ou seja, ao ver o rosto dos vencedores. Tenho muita facilidade em chorar com o positivo e pouca com o negativo. Curioso...
Já consegui arrecadar o dinheiro para o mestrado. Uma família unida jamais será vencida. ; )
Lá vou eu para o meio dos rp's todos. A maioria dos meus futuros colegas deve trabalhar na área, espero.
Tenho falado muito com o pessoal por messenger. Quem nao tem, toca a ter (ou yahoo messenger). Estou todo o dia ligada.
Mais coisas... tudo a torcer pelo Miguel, é já pra semana. Tudo a rezar.
E... não há mais novidades, a não ser que achámos uma mesita muito engraçada à porta da casa da Carla Serra e já temos mesa da salinha, com design a imitar o estilo clássico e tudo.
Até outra.

segunda-feira, agosto 23, 2004

"Um homem de sucesso é aquele que ganha mais dinheiro do que o que a sua mulher consegue gastar" in Máxima, Agosto 2004

Depois de uma temporada de visitas (agora que tenho uma mini-casa é que toda a gente me vem visitar... a lei de murphy sempre actual), aqui estou, estamos, alone again, como tudo de bom e de mau que isso implica. Voltei com força ao trabalho, o calor vai-se aos pouquinhos, a vida segue lá fora.

As mochilas começam a aparecer nas montras e aquele nervosinho de criança, das canetas novas, da ida ao continente, de ir de papelaria em papelaria pedir horários... tudo me vem à cabeça com força.

A grande novidade é que vou fazer um master, em direcção de comunicação, relações públicas e protocolo. Um must. Mas caro, claro. Pelo menos faço qualquer coisa dentro da minha área, já que para trabalhar aqui em rp tenho que falar e escrever em catalão... e não me apetece nada aprendê-lo.

Hoje fiquei chocada, impressionada, entusiasmada. Primeiro, descobri que sem curso se ganha mais que com curso (o choque) - uma "fazedora" de camas no hotel nh ganha 1,300 euros limpinhos... Uma servidora de champanhe na Loewe do paseo de gracia ganha 11 euros à hora. Impressionada com o roubo do "grito", a obra prima de Munch. Como é que pode ser? Algum fã do Thomas Crown... Em pleno ano 2004 rouba-se uma obra de arte, aquela obra de arte que me fazia dobrar o pescoço no 12º ano, nas aulas de história. Entusiasmada pelos jogos olímpicos, vêem-se coisas tão lindas, como o ex-trolha Obikwell (é assim que se escreve?) todo cheio de ar português nos pulmões, ar que o fez quase bater os showmen atletas americanos.

Cheguei à conclusão que pareço uma turista. Em pleno regresso do trabalho, sento-me num banquinho à espera do meu amor e um gajo deixa cair uma bola, perdone, excuse me lady, bye, danke you. Muito bem, mas pior foi quando esteve cá a minha madrinha. Normalmente, eu falo em espanhol e eles fingem que não percebem, porque notam o meu sotaque estranho. Mas a semana passada, a minha madrinha veio e arrasou, as gajas da mango, da sfera, o senhor das ventoinhas... falou com todos em espanhol e todos a perceberam muito bem. Fiquei abismada. Não compreendem uma jovem esforçada por não dar erros em espanhol, e eles: "qué¿? no entiendo" e agora chega a minha madrinha, fala em bom português e toma! "si, si claro"...

Vou dormir, mas primeiro vou folhear a la redoute, o big (cada vez mais) catálogo, já sabem que é um dos meus maiores prazeres, folhear catálogos de roupa. Antes era da Barbie, agora é da Redoute.

PS: descobri que escreve para a Xis uma tal de Faiza que vive em Barcelona, engraçado como escreve umas crónicas parecidas com as minhas vivências daqui. Vou-lhe mandar um email a ver se nos encontramos. Bem hajam!!

quinta-feira, agosto 05, 2004

O primeiro dia de um emigrante de férias no seu país de origem é um misto de sensação de desconforto e sensação de lar, doce lar. Sentimo-nos observados, criticamos, elogiamos, comemos com saudades, dizemos mal das estradas. Sentimo-nos mal, nem somos daqui nem de lá, não sabemos onde querer pertencer, onde é a nossa casa, que vida viver. O segundo dia é de descompressão, começámos a ir ao café sem receio, sem a mania que todos olham para nós e vêem que somos emigras. O terceiro dia é normal, estamos e sentimo-nos bem, deixamo-nos mimar, mas ainda há desconfiança: será que está tudo igual, o que é que perdemos enquanto estivémos fora? Como reagir, o que dizer, que palavras e anedotas estão na moda, de que falarão por aqui?? Um vazio ainda causa névoa no nosso olhar. O vazio do tempo que perdemos, estando longe. O quarto dia é de paz, de à-vontade, de não querer ir embora, de grandes conversas e risos. Sim, é este, agora sim, é o meu país, o país que me aceita; tanto eu como o país demorámos a reconhecer-nos, mas agora sim, somos um do outro, Portugal é meu, já sou daqui, completamente, Espanha já não interessa, eu sou é daqui, quero viver aqui... Não quero ir embora, mas há uma casinha que ficou fechada, uma casinha pequena a 1300 km, que chama e diz: ainda não, só mais um bocadinho, un poquito más.